“A terra é insultada. E oferece suas flores como resposta”

(Rabindranath Tagore)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Origem das Flores




Quem nunca se encantou com a perfeição de formas e cores de uma orquídea, tulipa, dália, agapanto, rosa e violeta? Flores... das mais sofisticadas e vistosas às mais simples e pequeninas, não importa, sempre enfeitam e alegram qualquer paisagem. Porém, não foi para os olhos humanos que a natureza desenvolveu e aprimorou esta fonte de inspiração.
Na verdade, as primeiras flores (parecidas com as magnólias) surgiram bem antes do aparecimento do homem na Terra. Segundo uma das teorias evolutivas existentes, a flores surgiram no Cretáceo, há 135 - 65 milhões de anos, em um período em que insetos primitivos, como os besouros, comiam e/ou danificavam os óvulos (gametas femininos) que ficavam expostos nos cones hermafroditos de extintas gimnospermas. Dessa forma, ocorreram diversas pressões seletivas sobre essas plantas, que levaram ao aparecimento de uma estrutura com a função de encerrar os gametas no seu interior. Essa nova estrutura, chamada de ovário, protege os gametas femininos e não impede, no momento propício, que ocorra a fertilização (união dos gametas masculino e feminino). A partir da fertilização ocorre o desenvolvimento da semente contendo o embrião da futura planta e conseqüente perpertuação da espécie. A flor é, portanto, o órgão de reprodução vegetal.
Mas e a polinização? A polinização, ou seja, a transferência do pólen para a parte feminina, era feita pelo vento, o grande disseminador das gimnospermas. Esse pólen não encontrava barreiras para atingir o óvulo, pois este ficava exposto ao ambiente. Acontece que a partir do seu encerramento no ovário houve a necessidade da intervenção de outros agentes, que não somente o vento, para efetuarem o transporte de forma efetiva: os agentes polinizadores.
E como chamar a atenção desses agentes? Quem seriam esses polinizadores? Como vencer as competições entre si e garantir a constância de suas visitas? Tornava-se necessário, então, oferecer ao animal (insetos, inicialmente) recursos energéticos, ou seja, alimento, mantendo assim suas visitas freqüentes e, da mesma forma, criar uma interdependência. Dessa maneira, a diversidade que observamos nas cores das pétalas (amarelas, azuis, vermelhas, brancas...), o odor (suave, fortemente adocicado ou acre), a produção de grandes quantidades de pólen e néctar (que são os alimentos procurados pelos agentes polinizadores), a forma da flor (radial, tubular, afunilada), o período do dia ou da noite em que ocorre a abertura da flor, constituem um conjunto de atrativos florais e adaptações que são reconhecidos pelos polinizadores, oriundos de um processo de co-evolução gradual, ao longo do tempo, entre plantas e animais.
Considerando que muitas espécies vegetais podem apresentar especificidades quanto ao polinizador, tornam-se fascinantes e de grande importância científica as pesquisas no campo da ecologia da polinização, cujo número de trabalhos vem aumentando significativamente nas últimas décadas. Eles nos revelam esse notável mundo da reprodução vegetal e nos torna conscientes dessa rede de interdependência que existe e que deve ser preservada, pela própria manutenção da biodiversidade e qualidade de vida de todos nós.
De qualquer maneira, mesmo não sendo nós os responsáveis pelo aparecimento das flores na Terra, seremos seus eternos admiradores, com o compromisso de garantirmos sua conservação em nosso meio e de todas as inter-relações que as acompanham.

Por: Dra. Alexandra Gobatto

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